Uso de Mamadeiras


De olho na mamadeira

Estudo revela que o uso prolongado do acessório aumenta risco de obesidade nas crianças. Confira o que diz especialista no assunto

Ana Paula Pontes

A. Inden/Corbis
Se o seu filho já tem mais de 2 anos e ainda usa mamadeira, atenção! Um estudo realizado pelas Universidades de Temple e Ohio, ambas dos Estados Unidos, revelou que seu uso prolongado eleva o risco de problemas de peso. A análise, feita com 6.750 crianças, mostrou que a prevalência de obesidade nas que tomavam mamadeira aos 2 anos era de 23% aos 5. Já nas que não tomavam, era de 16% na mesma idade.

Em entrevista à CRESCER, Rubens Feferbaum, pediatra e nutrólogo do Hospital Infantil Sabará (SP), explica que o problema não está apenas no conteúdo (como leite e sucos), mas na forma como ele é absorvido pelo organismo. Na mamadeira, é ingerido passivamente, o que não ocorre se for no copo. Sem contar que nessa idade, a criança já tem um ganho calórico por outras fontes de alimentos, o que pode fazer com que a mamadeira, oferecida fora de hora, seja um extra no seu acúmulo de calorias diárias. Confira entrevista completa.

CRESCER - Por que uma criança que toma mamadeira aos 2 anos tem risco de ser obesa mais tarde? 
RUBENS FEFERBAUM -
 O grande problema é o uso inadequado da mamadeira após os 2 anos (ou mesmo antes dessa idade), que faz com que a criança tenha uma ingestão acentuada pela maneira passiva como o líquido é absorvido. Assim, ela tem dificuldade de sentir saciedade da fome. Dessa maneira, dormir com a mamadeira ou oferecê-la de forma frequente à criança para acalmá-la é um erro alimentar e pode levar à obesidade. Como em geral o que os pais dão na mamadeira é leite e sucos, alimentos ricos em proteína e/ou caloria, ela excede as necessidades energéticas diárias, que se acumulam no organismo como gordura.
C. – No Brasil, é costume os pais estenderem tanto o período do uso da mamadeira? 
R.F. –
 Não temos uma estatística a respeito disso, mas observamos, na prática clínica, que frequentemente ultrapassa os dois anos. No entanto, a transição da mamadeira para o copo é uma preocupação dos pediatras. Sempre que me deparo com uma criança com sobrepeso ou obesidade, mesmo lactente, verifico esse aspecto da administração de alimentos na forma líquida.

C. – Como prevenir a obesidade nas crianças? 
R.F. –
 É fundamental lembrar que a amamentação exclusiva deve acontecer até o 6o mês de vida do bebê e sua manutenção junto com a alimentação complementar (papas de legumes, frutas) até os 2 anos. Lembro que as crianças amamentadas no peito por mais tempo têm mais facilidade de aceitar o copinho para tomar líquidos e costuma recusar a mamadeira. Já, quando há necessidade de a criança tomar fórmulas infantis, elas devem ser aquelas nutricionalmente balanceadas para lactentes. É importante também que a família entenda que leite e suco são alimentos e para hidratar é necessário água (líquido sem calorias).

C. – Se uma criança já tem 2 anos e ainda usa mamadeira, como mudar esse comportamento? 
R.F. –
 O primeiro passo é paciência. Depois, deve-se regularizar os hábitos da criança e ter uma disciplina no horário das refeições, perfeitamente possívl para uma criança de 2 anos. Depois, comprar um copo que seja atrativo ao filho. Caso ela não aceite, tente usar bicos com furos mais rígidos (tipo “bico de pato”), e continue com a adaptação ao copo, aos poucos.

C. – Além da obesidade, que outros prejuízos a criança pode ter em sua saúde pelo uso prolongado da mamadeira? 
R.F. –
 Cáries dentárias precoces, problemas no desenvolvimento da arcada dentária, no palato e na mandíbula. Além disso, predisposição a ter dificuldade em aceitar alimentos sólidas, o que pode levar a deficiências nutricionais.

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